Missão

A CB Projetos Sociais valoriza e reconhece o potencial pedagógico que a cultura tem no âmbito do fortalecimento da comunidade, do individuo e na construção dos múltiplos saberes, através de um trabalho intensivo de formação, articulação e sensibilização dos envolvidos. Visamos resgatar a cultura das comunidades locais, tendo como base as artes cênicas, a musica, a literatura e outras ferramentas de capacitação social, mobilizando todo o âmbito da comunidade, como suscitando neles o veio da sustentabilidade. Através do fortalecimento de valores, crenças e habilidades, os talentos naturais ou adquiridos, individual e coletivamente são revelados, e os participantes tornam-se gestores de si e da sua própria cultura, reverberando em qualidade de vida e responsabilidade social.

sábado, 25 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL,..... São Francisco de Assis, Patrono dos Presépios, uma historia a saber.

Muitos atribuem a S. Francisco de Assis a criação do primeiro presépio. Contudo, a encenação da Natividade criada por este não pode ser considerada como um presépio, de acordo com o sentido que se dá este tem nos dias de hoje. Mesmo assim, é indiscutível o grande contributo de S. Francisco para o surgimento dos presépios. 
Tudo se passou na véspera de Natal, noite de 24 de Dezembro de 1223 (século XIII), com a realização de uma missa diferente dentro de uma gruta, onde estava representado o nascimento de Jesus.  
Para que tudo corresse conforme o planeado, S. Francisco de Assis teve de realizar alguns preparativos. 
Ciro no Musical FRANCISCO
Assim, prudentemente o Santo começou por pedir uma autorização especial ao Papa Honório III para criar a encenação, isto porque, 16 anos antes, o Papa Inocêncio III proibiu a realização de dramas litúrgicos nas igrejas, pelo que era necessário pedir para que tal proibição não se aplicasse naquele caso. 
Depois, Giovanni Vellita, o magnânimo senhor da região, disponibilizou os animais verdadeiros (um jumento e um boi) e o feno. Estes foram transportados para uma gruta que S. Francisco de Assis descobriu na floresta de Greccio (ou Grécio). No feno foi colocada uma imagem do Menino Jesus, estava assim criado o berço Deste e altar para aquela missa tão especial. S. Francisco criou ainda mais duas imagens, a da Virgem Maria e a de S. José, estas foram colocadas uma de cada lado do berço, junto destas estavam os animais. 
Estava assim tudo preparado para a realização da missa. Como já foi dito, a missa celebrou-se na noite de 24 de Dezembro de 1223, só que em vez se ser celebrada igreja como era habitual, esta realizou-se na gruta preparada por S. Francisco, sendo celebrada pelo cardeal Ugolino, Conde de Segni, em seguida, S. Francisco falou aos fieis. 
Passados 2 anos, S. Francisco faleceu, contudo durante esses anos não se tornou a realizar a representação do nascimento de Cristo. 
Talvez S. Francisco de Assis não possa ser considerado como o criador do presépio (tudo depende do ponto de vista), mas ninguém pode pôr em causa a importância do seu acto para o aparecimento destes, com este Santo deu-se um grande passo nesse sentido. 
Os frades franciscanos podem ser considerados verdadeiros pioneiros na construção de presépios, já que imitaram a encenação criada por S. Francisco em igrejas e conventos por toda a Europa.  
Em 1986, embora não unanimemente, S. Francisco de Assis foi considerado patrono dos presépios.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

" Artistas no nosso convívio"


Costumo dizer que nada se alcança sem esforços. Tudo acontece por um motivo, todas as alegrias e sofrimentos nos fazem quem somos. Há dois anos tenho me empenhado num árduo trabalho de capacitação social com a comunidade quilombola de Helvécia, extremo sul da Bahia, um pequeno vilarejo povoado por remanescentes de escravos e agricultores negros que vivem as margens do rio Peruípe em meio a um oceano de eucaliptos.
Após alguns meses de trabalho ministrando aulas de dança, canto e interpretação, montei com eles o musical O Auto de São Benedito, em honor ao santo negro e franciscano cultuado no quilombo. Estreamos num velho galpão que é usado como sede da Associação Quilombola, e, como disse no inicio que nada se alcança sem esforços, foram os esforços dessa galera, apoiada pelos amigos, familiares, pela empresa patrocinadora (Fíbria Celulose) que possibilitaram o sucesso que o grupo vem alcançando de alguns meses para cá.
Recentemente, convidado pela Secretaria de Cultura de Salvador, o espetáculo se apresentou no Pelourinho, palco de tantas celebridades e acontecimentos culturais, por ocasião do encontro nacional das culturas identitárias - foi um sucesso!
Pela primeira vez a maioria dos jovens participantes saiu de Helvécia para uma viagem a Salvador. Embalados pelos seus sonhos, adentraram num ônibus especial carregando seus figurinos, adereços, tambores, violões, berimbaus e viajaram dezoito horas ao encontro do sonho de se tornarem “artistas no nosso convívio”.  Foram quatro dias de festa no Pelourinho, celeiro de tradições, e a trupe quilombola de teatro brilhou, sendo  aplaudida de pé por todas as celebridades que lá estavam para conferir e abrilhantar mais a noite.  Parabéns a todos, parabéns Fíbria, parabéns Ciro Barcelos. É como dizia meu primeiro mestre teatral Wagner Ribeiro, “Só o amor constrói”. 

CIRO BARCELOS
                                                Auto de São Benedito em Salvador, Pelourinho/ 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Auto de São Benedito emociona Salvador

Emoção e felicidade foram os sentimentos que marcaram a apresentação da peça teatral Auto de São Benedito encenada pela comunidade de Helvécia (Nova Viçosa, BA) no Encontro com as Culturas Populares e Identitárias, realizado no Pelourinho, em Salvador, no último domingo (24/10).

O grupo, que é apoiado pela Fibria, emocionou os participantes com a história baseada no livro de poemas de Cordel o qual narra a importância e os milagres do santo negro. Para o diretor do Núcleo de Culturas Identitárias, Hirton Fernandes, a peça foi uma das principais atrações do evento que tem como objetivo repartir, reunir, dar visibilidade e reconhecer a importância dos conhecimentos tradicionais.

Turistas estrangeiros também destacaram a participação do grupo. É o caso da diretora de teatro, a austríaca Ursula Reisenberger. "Não tenho palavras para o que vi. Chorei durante quase toda a peça, pois essas pessoas atuam com a alma em uma história que faz parte da vida delas. Todos deveriam assistir", ressaltou Ursula.

De acordo com o diretor do Auto e consultor da Fibria, Ciro Barcelos, o crescimento pessoal dos integrantes é visivelmente percebido nestes dois anos de apresentações. "Na parte artística os integrantes estão crescendo a cada dia, pois são de uma comunidade muito talentosa. Já socialmente, o resultado é percebido ao ver que muitos jovens estão buscando um rumo correto para a vida", destacou.

Essa realidade é confirmada pela presidente da Associação Quilombola de Helvécia e integrante do elenco da peça, Maria Aparecida dos Santos, a dona Tidinha. "Sempre vivi muito angustiada com os problemas da comunidade, mas nunca perdi a esperança. Graças a Deus e com a ajuda da Fibria estamos vivendo esse momento incrível. Tenho certeza que para nossos jovens é uma experiência inesquecível", constatou.

O jovem Cherley dos Santos, que atua como São Benedito na peça, estava muito emocionado por estar na capital baiana e por poder mostrar o seu trabalho para outras pessoas. "Sempre tive o sonho de conhecer Salvador e hoje estou aqui realizado e tendo o privilégio de vivenciar o papel principal", disse.

O coordenador de Sustentabilidade da Fibria que acompanhou o grupo no Encontro, Eloi Catani Junior, também enfatizou a alegria da empresa em contribuir para a melhoria da qualidade de vida da comunidade de Helvécia. "Estamos felizes pelos frutos que colhemos no processo de engajamento com a comunidade. Conseguimos gerar inclusão social e melhoria da qualidade de vida das pessoas", realçou.

Além da apresentação, os 60 integrantes puderam fazer um passeio por Salvador para conhecer os principais pontos turísticos da cidade.

Sobre o Auto
 
O Auto de São Benedito é uma peça estrelada por 60 pessoas da comunidade de Helvécia, sendo 30 atores e 30 figurantes. Os participantes do espetáculo foram selecionados a partir de oficinas de teatro, dança, música e criação, que avaliaram o potencial artístico de cada um. A produção do figurino ficou a cargo das costureiras, artesãs e bordadeiras locais. Também participam da montagem os grupos de capoeira Art-Bahia, Bate Barriga e Quebra Aí e um coral de jovens com idade entre 12 e 17 anos.
A peça também já foi sinônimo de sucesso em suas apresentações durante o ano de 2009 na Bahia e no Espírito Santo. O espetáculo tem direção do ator e coreógrafo Ciro Barcelos, cujo trabalho é reconhecido inclusive fora do Brasil, e conta com o apoio da Fibria e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


por Pedro Torres

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Estamos Chegando, Salve Salvador ! Salve São Benedito!


Estamos chegando do fundo da terra, 
estamos chegando do ventre da noite,
da carne do açoite nós somos, 
viemos lembrar.
Estamos chegando da morte nos mares, 
estamos chegando dos turvos porões, 
herdeiros do banzo nós somos, 
viemos chorar.
Estamos chegando dos pretos rosários, 
estamos chegando dos nossos terreiros,
dos santos malditos nós somos, 
viemos rezar.
Estamos chegando do chão da oficina, 
estamos chegando do som e das formas, 
da arte negada que somos,
viemos criar.
Estamos chegando do fundo do medo, 
estamos chegando das surdas correntes,um longo lamento nós somos, viemos louvar.A de Ó, A de Ó, A de Ó




 

sábado, 16 de outubro de 2010

Esquentando os Tambores - Início dos ensaios para apresentação do Encontro em Salvador




Como não poderia deixar de ser, Ciro Barcelos já esta a mil em Helvécia desdo dia 12 de Outubro, afinando e reensaiando com o grupo de teatro do Quilombo Helvécia, o espetáculo Auto de São Benedito, que teve sua estreia em Maio de 2009, só que agora para a apresentação especial do dia 24 de Outubro - domingo, durante o Encontro com as Culturas Identitárias, convite este feito pela promotora do evento a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, diz Ciro: "será uma honra e estamos unidos na melhor vibração artística possível, levando nosso recado de amor, alegria e paz. Espero que esta apresentação reverbere no coração de todo o público presente e que a comunidade possa experienciar o poder que o teatro e as artes tem em ser o grande veículo de valorização ao patrimônio cultural de Helvécia, incentivando e ampliando nos jovens  seus limites, abrindo novos horizontes profissionais e pessoais." 


Convite do Governo do Estado da Bahia ao diretor Ciro Barcelos e ao Espetáculo Auto de São Benedito

A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, por intermédio do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias, o convida a apresentar o espetáculo “Auto de São Benedito”, dirigido por V. Sa, durante a programação dos Encontros com as Culturas Populares e Identitárias, em 24 de Outubro de 2010, domingo, às 19h00 no palco especialmente montado na Praça das Artes, Pelourinho, Salvador, Bahia. 
Neste dia, a abertura para a apresentação do espetáculo convidado será feita pela Cia de Dança “Robson Correia”, ligada à Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia, que se apresentará às 18h00.
          Os Encontros com as Culturas Identitárias acontecerão entre os dias 23 e 29 de Outubro de 2010. Constam ainda da programação, além das apresentações artísticas, atividades de intercâmbio entre mestres e grupos de cultura popular, mesas temáticas, mostras, exposições, feiras, exibições audiovisuais, com o intuito de fortalecer e dar visibilidade à diversidade das expressões culturais da Bahia.           
Certos de contarmos com vossa valiosa participação, subscrevemo-nos.
Atenciosamente,
 Hirton Fernandes
Núcleo de Culturas Populares e Identitárias
Secretaria de Cultura do Estado da Bahia

Bahia realiza Encontros com as Culturas Populares e Identitárias


Confira a programação completa em www.cultura.ba.gov.br.
Durante sete dias, Salvador receberá grupos culturais, pesquisadores e gestores públicos para celebrar e discutir políticas de promoção da diversidade. O evento acontece em vários pontos do Pelourinho, especialmente em suas ruas e na Praça das Artes, como parte integrante da programação cultural da região.
As manifestações artísticas dos diversos territórios de cultura da Bahia se apresentarão em Salvador durante os Encontros com as Culturas Populares e Identitárias, evento artístico e cultural que acontece de 23 a 29 de outubro, no Pelourinho. As apresentações, cortejos, shows e espetáculos estão concentrados nas ruas do Centro Histórico e na Praça das Artes. O evento promove o encontro das culturas populares de toda a Bahia com o público soteropolitano, além de um intenso intercâmbio entre os mestres e os participantes de cada uma dessas manifestações.
Os Encontros com as Culturas Populares e Identitárias são uma realização da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através do Núcleo de Culturas Populares, com o patrocinio do Ministério da Cultura, além do apoio das Secretarias de Promoção da Igualdade (Sepromi), de Educação (SEC), de Desenvolvimento Social e  Combate á Pobreza (SEDES) e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), através do Instituto Mauá.
“Reunir parte importante da diversidade brasileira e disponibilizar essa apresentação ao público de Salvador possibilita que se tenha contato com nossa amplitude cultural. Essa iniciativa, repetida periodicamente, proporciona enriquecimento cultural a baianos e visitantes e, ao mesmo tempo, esses grupos se reafirmam e se reconhecem como agentes importantes da cultura brasileira”, declara o Ministro de Estado da Cultura, Juca Ferreira.
Para o secretário Márcio Meirelles, a política cultural implementada pelo Governo do Estado através da SecultBA tem como meta o que foi definido pelas convenções sobre o tema, especialmente a convenção sobre a Diversidade das Expressões Culturais da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (2006). “Consolidar a promoção e visibilidade das Culturas Populares é um dever do Estado. A Secretaria tem realizado diversas ações nesse sentido envolvendo a ampla diversidade dessas culturas. Só através do cadastramento identificamos cerca de 37 manifestações com mais 700 grupos participantes, o que vai nos auxiliar na implementação das políticas”, explica o secretário. “Trabalhamos pela manutenção dessas tradições como matéria de exercício de paz entre os povos, como forma de inclusão e desenvolvimento, sem deixar de lado a capacidade de elas tirarem o seu sustento do ofício, além de lutar por uma prática de não submissão, de autonomia e soberania”, defende Meirelles.
Os Encontros com as Culturas Populares atendem a essas e outras demandas. O evento inclui mesas-redondas sobre as políticas públicas voltadas para o setor. As discussões contarão com a participação do secretário Nacional da Identidade e Diversidade Cultural, Américo Córdula; do coordenador do Observatório da Diversidade Cultural e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Márcio Barros; da Coordenadora de Fomento à identidade e à Diversidade da SID/MinC, Giselle Dupin, também representante no Comitê Intergovernamental da Convenção Sobre a Proteção e a Promoção das Expressões Culturais.
O projeto se alinha às demandas identificadas pelo Governo da Bahia para sua atuação no setor. Durante a II Conferência Estadual de Cultura, realizada em novembro de 2010, 73% dos participantes elegeram as manifestações populares como foco prioritário para as ações da SecultBA.
De acordo com o diretor do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias da Secult, Hirton Fernandes, “a expectativa é que o projeto produza desdobramentos formais, contribuindo na avaliação e elaboração de políticas públicas de proteção e promoção da diversidade cultural”. Esta intenção é reforçada pela apresentação dos parâmetros iniciais para a construção da minuta da Lei do Patrimônio Vivo do Estado da Bahia, que prevê apoio institucional a mestres das culturas populares e identitárias, ampliando os conceitos relativos ao tema com a inclusão dos mestres da dança, da música, do teatro, dentre outros segmentos.
A diretora executiva da Fábrica Cultural (empresa proponente dos Encontros com as Culturas Populares e Identitárias), Jaqueline Azevedo, ressalta que a intenção é inserir o evento no calendário cultural do estado, com realização bienal. “No intervalo entre as edições, uma série de encontros territoriais poderá reforçar o intercâmbio entre os grupos e gestores públicos, assim como definir os rumos do evento de abrangência estadual”, explica Jaqueline.
Investindo em promover visibilidade e reforçar o reconhecimento dos grupos culturais, a SecultBA aproveita o evento para lançar o primeiro Catálogo Culturas Populares e Identitárias (28/10, 19h, na Casa da Diversidade). A publicação apresenta um perfil de 37 diferentes manifestações que ocorrem na Bahia, listando os contatos de mestres e dirigentes de cerca de 700 grupos e entidades integrantes deste universo cultural.
O evento inclui ainda uma exposição fotográfica no Palácio Rio Branco, que será aberta ao público às 19 horas do dia 27 de outubro. Realizada conjuntamente pelos fotógrafos Álvaro Villela, Márcio Lima e Rita Cliff, com curadoria da artista plástica Lanussi Pasquali, a exposição Gente de Quilombo é uma homenagem aos povos quilombolas. Para realizá-la, os fotógrafos visitaram os quilombos de Barra e Bananal (Rio de Contas), Mangal Barro Vermelho (Sítio do Mato) e Rio das Rãs (Bom Jesus da Lapa), primeiros da Bahia a garantir a titulação da terra, há cerca de 10 anos. As imagens evidenciam a profunda relação dos quilombolas com o território onde seus ancestrais fincaram raízes.
As etnias indígenas também marcam presença no projeto, apresentando toré, ensinado pinturas corporais e participando de debates sobre o uso das plantas em chás curativos e rezas. A extensa programação abre espaço ainda para artesãos, repentistas, capoeiristas e cordelistas mostrarem seus trabalhos e debaterem sobre o reconhecimento destas atividades pelo público e gestores culturais.
A programação dos Encontros com as Culturas Populares e Identitárias contempla eventos artísticos, as mesas de discussão e a formação dos participantes com a realização de oficinas para adultos e crianças. Os destaques são as atividades musicais, comandadas pelo multi-instrumentistas Ives Sahar, com a oficina “Ritmos da África” e Dudu Rose, com a “Palavra do Tambor”.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A História de Helvécia


HELVÉCIA é um distrito que fica no extremo sul da Bahia, no município de Nova Viçosa, e tem aproximadamente 4 (quatro) mil moradores. Cerca de 80% da população é negra e carrega uma rica herança cultural. Durante o ano, são realizados dois eventos importantes: a festa de São Sebastião (visitada por mais de 10 mil pessoas) e a celebração de Nossa Senhora da Piedade. Parte da população vive da lavoura, outros trabalham na prefeitura ou em empresas que prestam serviços para a Fíbria e outras companhias da região.


terça-feira, 16 de março de 2010

O Projeto - Helvécia Moda Show


O Projeto realizado pela Fíbria visa à integração e engajamento com as comunidades, buscando estreitar o relacionamento e parcerias que possam incentivar atividades produtivas e a geração de trabalho e renda nas áreas de atuação. 
Utilizando o empreendedorismo e a cultura como elemento de acesso a essas comunidades, o incentivo e o apoio ao fortalecimento das raízes e do potencial existente nos locais é o grande elemento de fomento desses territórios que legitimam o seu potencial produtivo e as vocações locais.

Espetáculos Helvécia Moda Show


Completando o desfile uma encenação do nascimento da espécie humana, segundo a mitologia africana, representada por uma coreografia na qual Ciro Barcelos fez uma apresentação especial dançando o “Alojá”, a dança do fogo.




A iniciativa é uma continuidade do trabalho de engajamento social e capacitação artística realizado com a comunidade do município e mostrou a conclusão das recentes oficinas ministradas por Ciro e a artista plástica e figurinista, Patrice Rivera. Talentos agora descobertos e preparados para a passarela desfilaram uma coleção de bolsas, roupas e jóias, tendo a África como tema. As peças foram realizadas pelas artesãs e costureiras do distrito, capacitadas dentro do projeto.

A matéria prima da coleção foi na grande maioria confeccionada a partir de material reciclado, como papel de celulose, jornal, cavaca de eucalipto, tecidos pintados a mão, dentre outros. Ao som dos tambores da banda Kebra’í rapazes e moças desfilaram, exibindo a coleção.
Produzido por Ciro Barcelos

sábado, 2 de janeiro de 2010

Helvécia Moda Show

Após o sucesso da montagem do Auto de São Benedito, concluindo a primeira etapa do trabalho de capacitação social junto a comunidade quilombola de Helvécia, no sul da Bahia,projeto social da Aracruz Celulose,hoje Fibria,lancei-me em busca do que seria a continuação e desdobramento do trabalho dando prosseguimento ao projeto. Inicialmente não seria montado nenhum outro espetáculo, visto que o Auto estava recém estreado com visível sintoma de sucesso, e que deveríamos então investir mais precisamente no aprimoramento e formação dos atores, pois dali a pouco estariam se apresentando para grandes platéias fora da comunidade. E assim está sendo, hoje, passados quatro meses, o Auto já percorreu quatro cidades da região conquistando platéias que chegaram a 3.000 pessoas, estimativa de publico na cidade de São Matheus, quando se apresentaram nos festejos do padroeiro São Benedito.

Como criador, não me contento em ministrar oficinas sem um desfecho encenado.Acho frustrante para um artista, a idéia de ensaiar e não apresentar o resultado daquela conquista, não expor aos aplausos, criticas, vaias que sejam, experimentar o risco da exposição é a melhor parte do processo desencadeado pela arte.

Estimulado pelo desejo manifesto entre os jovens da comunidade, de serem iniciados na arte da moda, dei inicio ao que veio a ser o Helvécia Moda Show. O fechamento do projeto como um todo, deveria acontecer até final de Dezembro de 2009, então, eu só teria dois meses para ensinar a turma a desfilar, fotografar, confeccionar a coleção para o desfile, e, o mais importante, desfilar!

Foram dois meses de preparação dia após dia, sob um calor de 40 graus sombra, Lancei-me a procura de novos talentos, e fui encontrando-os pelas ruas empoeiradas da Cidade,alguns do propio grupo de teatro, outros recém chegados do campo, após um exaustivo dia de trabalho com a enxada, pois essa é a realidade de muitos jovens de Helvécia. Sempre a meu lado, a artista plástica e figurinista Patrice Rivéra, iniciou as oficinas de confecção da coleção por mim idealizada e batizada de África, com inspiração nas estamparias africanas, jóias e cabelos tribais.
Partindo de um conceito ecológico, a coleção foi realizada na sua maior parte, com matéria prima de reciclagem, como no caso das jóias confeccionadas em papel.Pinturas em tecido com motivos africanos e indígenas,esculpiram os corpos esculturais que desfilaram ao som dos tambores de Helvécia.

Quando falamos de moda, estamos falando também,de fotografia, e para registrar o trabalho, convidei o fotógrafo Mickael Machado, do Rio de Janeiro, para integrar a equipe. Paralelo aos ensaios e oficinas, trabalhamos nos ensaios fotográficos que foram feitos pelas ruas da cidade, no rio Peruipe, em meio aos eucaliptos, fornos de barro, e tantos outros cenários originais e encantadores de Helvécia. Aos poucos aquelas meninas e rapazes iam se transformando em beldades,com suas peles negras,dentes brancos e olhares profundos que nos fitam do alto de sua soberania ancestral,revelando verdadeiros príncipes e princesas através das lentes e do olhar sensível de Mickael, o qual nos abrilhantou com seu trabalho.

Finalmente o desfile, galpão lotado de convidados da comunidade que se misturavam com celebridades convidadas das cidades vizinhas, entre jornalistas e comerciantes de moda. Entre uma passada e outra dos modelos, algumas performances musicais com repertorio de autores negros, animavam o publico sob as belas vozes do coral ODARA, também lançado no desfile e composto por jovens da cidade, vindos já de um trabalho de ministério de canto da igreja local.

Mais um sucesso, o publico ovacionou, todos brilharam executando suas performances tal qual modelos das grandes capitais. Lindo, lindo! Um verdadeiro show de raça!
Parabéns Helvécia, parabéns Patrice, Mickael, Geovane, Fibria, obrigado Paulo Coutinho, e todos aqueles que contribuíram para esse acontecimento. E que não pare por aí!

Ciro Barcelos

INICIANDO OS TRABALHOS - HELVÉCIA

A Arte é uma necessidade,um apoio,um amparo. Precisamos de arte não somente como espetáculo, mas como ritual de embelezamento da vida, como estimulo social e cultural. O objetivo específico da tarefa da arte é o desenvolvimento humano e cultural e a cultura vai ser o resultado da expressão artística de uma comunidade. Uma das capacidades que diferenciam o ser humano dos outros animais é a capacidade de produção de cultura, e cultura é um conjunto de valores dos indivíduos de uma determinada sociedade que produzem arte como atividade e manifestação social. A arte não é só deleite, é o registro da nossa complexidade.

Em setembro de 2008, fui para Helvécia, distrito de Nova Viçosa, uma comunidade quilombola do sul da Bahia, levado por Paulo Coutinho, gerente de sustentabilidade da Aracruz Celulose. Fomos lá para fazer um primeiro contato com a comunidade com o intuito de avaliarmos a possibilidade de realizar ali um trabalho de desenvolvimento artístico e cultural envolvendo a população local.

Ao chegar lá, me deparei com a festa de Nossa Senhora da Piedade...

Depois da missa solene na igreja local, vieram os capoeiristas jogando a valer e o show de lambada na praça central repleta de barraquinhas festivas. No pouco tempo que lá fiquei, pude sentir o potencial artístico daquele povo escondido entre as plantações de eucalipto.

Entre comidas e bebidas, ficamos lembrando da história daquele povo. No período de escravidão no Brasil, os negros que conseguiam escapar das fazendas se refugiavam com outros em igual situação em locais bem escondidos no meio das matas. Nestes locais formavam suas comunidades que eram conhecidas como quilombos. Lá, eles viviam de acordo com sua cultura de origem africana, plantando e produzindo em conjunto. Os quilombos representaram uma das formas de resistência e combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo para a formação da cultura afro-brasileira.

Seis meses depois, em 17 de março, retornei a Helvécia.

Dona Tidinha, Dona Faustina, Sr Dudu, Roseli, Dona Elzira, Sr Valmir e outras tantas personalidades daquele vilarejo, me encantaram com seus sorrisos, franqueza e consciência do que são e representam enquanto gestores de cultura local. Os jovens, sedentos de aprender o que ainda não sabem para melhor expressar seus talentos, me acolheram com expectativa e curiosidade.

Compreendi que Helvécia seria para mim, não apenas mais um trabalho profissional, porem a extensão de um ideal humanitário e espiritual que vem sendo a fonte inspiradora da minha arte e consequentemente da minha vida.

São Francisco de Assis me escolheu para contar sua história para todo o Brasil e fazer dela uma obra social que não se limitou ao palco, se estendendendo as populações carentes.



Santo Antônio, enciumado, fez o mesmo!


São Benedito, o negrinho franciscano, nos escolheu a todos nós envolvidos nesse projeto, para contarmos a sua história em Helvécia.

E que a arte seja a voz do entendimento, da comunhão e da felicidade daquele povo.

Paz e bem!

Ciro Barcelos



Aracruz realiza projeto cultural em Helvécia

Por Rogéria Gomes
Em parceria com a comunidade local, a Aracruz está desenvolvendo em Helvécia, no sul da Bahia, um projeto que pretende estimular o desenvolvimento social e a cidadania por meio da cultura e da arte.
Oficinas de teatro, dança, música e atividades afins vão preparar a população para participar de espetáculos de teatro. O primeiro trabalho será o Auto de São Benedito, que será encenado em maio.
Helvécia, que fica em Nova Viçosa, sul da Bahia, vai ter a oportunidade de expressar sua cultura e sua arte por meio de um projeto que a Aracruz está desenvolvendo na região em parceria com a comunidade. A partir da realização de oficias de teatro, dança, música, criação e confecção de figurinos com participação de costureiras, artesãs e bordadeiras locais, a
comunidade poderá se preparar para participar do projeto cultural e artístico.

Para conduzir o trabalho, a Aracruz convidou o diretor, ator e coreógrafo Ciro Barcelos, cujo trabalho é reconhecido inclusive fora do Brasil. Ele já esteve em Helvécia participando de reuniões com a comunidade para conhecer
a realidade da região e fez pesquisas na área musical e folclórica. "A idéia inicial é criar um ambiente educacional centrado nas artes cênicas e que possa formar profissionais em várias áreas afins, tais como coreografia, cenografia, iluminação e sonorização, entre outras", explicou o gerente de Sustentabilidade da Aracruz, Paulo Coutinho.

Segundo ele, os recursos que a Aracruz destinará ao projeto serão reembolsados pelo BNDES, pois fazem parte de um conjunto de projetos sociais apoiados pela instituição como parte de uma operação de empréstimo à empresa.

As oficinas de capacitação serão iniciadas em abril e o primeiro trabalho artístico e cultural desenvolvido será o projeto Auto de São Benedito, a ser apresentado em maio, na Iigreja Católica de Helvécia, envolvendo a população local. Posteriormente, a meta é levar o espetáculo também a
outras comunidades da região.

A história será baseada em um livro de poemas de Cordel que narra a importância e os milagres do santo negro. Paulo Coutinho destacou que o projeto pretende envolver principalmente os jovens da comunidade, contribuindo para capacitá-los a desenvolver outras atividades por conta
própria. "O projeto também vai contribuir para elevar a auto-estima das pessoas e motivá-las para a cidadania", observou ele.

Ciro Barcelos esteve em Helvécia na festa de Nossa Senhora da Piedade e ficou impressionado com o que viu. “A veia artística dos moradores é enorme, o grupo de capoeira é maravilhoso, o toque dos atabaques e o próprio canto na missa têm grande potencial e isso me atraiu. A arte é transformadora”, resumiu ele. Na semana passada, Ciro Barcelos também esteve na Aracruz, em Barra do Riacho, em reunião com a equipe da Sustent para acertar detalhes do projeto.

CIRO BARCELOS – Diretor, ator e coreógrafo renomado, Ciro já fez sucesso na França, Espanha e Itália, passou pela TV Globo e ganhou diversos prêmios.
Hoje é conhecido por sua multiplicidade artística e rigor técnico. Inspira-se em suas experiências de vida e de busca espiritual criando e produzindo espetáculos como: “Jesus, o mistério do amor”, “Circumano” e, seu maior sucesso, “Francisco de Assis”, espetáculo que permaneceu dez anos
em cartaz, com apresentações no Brasil e Itália, e bateu o recorde nacional de 1 milhão de espectadores tornando-se um fenômeno de bilheteria.

HELVÉCIA – A comunidade de Helvécia fica no extremo sul da Bahia, no município de Nova Viçosa, e tem aproximadamente 4 mil moradores. Cerca de 80% da população é negra e carrega uma rica herança cultural. Durante o ano, são realizados dois eventos importantes: a festa de São Sebastião (visitada por mais de 10 mil pessoas) e a celebração de Nossa Senhora da
Piedade. Parte da população vive da lavoura, outros trabalham na prefeitura ou em empresas que prestam serviços para a Aracruz Celulose e outras companhias da região.

A Aracruz já desenvolve algumas atividades a fim de contribuir para a melhoria da qualidade de vida na região. Um exemplo é a biblioteca local, que funciona em instalações preparadas pela empresa e cujo acervo também foi doado pela companhia. Há ainda o curso de informática, que foi viabilizado a partir de equipamentos doados pela Aracruz.

QUEBRA AI

Num domingo ensolarado de Helvécia, enquanto fazia meu cooper diário no campo de futebol, escutei ao longe uma sonoridade que me chamou atenção. Desviando-me do campo, continuei correndo pelas ruas de terra da pequena cidade em busca daquele som rítmico que mexia comigo, até que me deparei com uma das velhas casas que guardam ainda hoje a cultura arquitetônica da época dos escravos, situada próxima a pequena estação de trem por onde um dia passou D. Pedro II. Nos fundos da bela casa, alguns garotos reunidos em torno de uma bateria, tambores e um cavaquinho, levavam um som no estilo swinguera que me fez parar o cooper para ouvi-los. A banda “ Quebra aí” surgiu do encontro entre três meninos que ainda crianças se juntavam para tocar em instrumentos improvisados em latas de óleo, tambores de plástico, panelas e outras quinquilharias que encontravam pelo caminho. Reunidos no quintal de suas casas para treinar, chamaram a atenção de Valdeir, que já tendo trabalhado com outras bandas, e sabendo confeccionar instrumentos com material reciclado, resolveu ajudar os meninos. Assim surgiu a primeira bateria de Bruno, toda feita com tambores de óleo, tubos de PVC e ferro e placas de sinalização. Com os novos instrumentos, foram chamados para se apresentar na escola, logo conseguiram fazer a abertura de uma banda profissional na maior festa da cidade, quando tocaram pela primeira vez com instrumentos verdadeiros emprestados pela banda. A cidade aplaudiu os seus garotos, os pais se convenceram que seus filhos tinham chance e com grande sacrifício compraram novos instrumentos para eles. Eu,empolgado com o som que escutei, convoquei-os para integrar o Auto de São Benedito assumindo a trilha sonora do espetáculo, e confiei ao Bruno ( 19 anos) a direção musical. Hoje fizemos o primeiro ensaio reunindo a banda, atores, dançarinos e coral, e grande foi a minha alegria em dirigir esse encontro de tantos talentos. Os garotos são bons mesmo!

Bem Vinda Patrice Rivéra

Viajou comigo para Helvécia a artista plástica e figurinista Patrice Rivéra, com quem trabalho na construção dos figurinos de meus espetáculos. Patrice assume a realização dos figurinos e adereços do Auto de São Benedito, os quais serão confeccionados com a ajuda de moças e costureiras da comunidade que por sua vez estarão cursando oficinas de elaboração de figurinos teatrais ministradas por Patrice. Bem vinda Patrice! Patrice Rivéra é estilista ,figurinista e artista plástica, trabalhou para varias novelas da TV Globo, cinema, teatro e desfiles de moda.