Missão

A CB Projetos Sociais valoriza e reconhece o potencial pedagógico que a cultura tem no âmbito do fortalecimento da comunidade, do individuo e na construção dos múltiplos saberes, através de um trabalho intensivo de formação, articulação e sensibilização dos envolvidos. Visamos resgatar a cultura das comunidades locais, tendo como base as artes cênicas, a musica, a literatura e outras ferramentas de capacitação social, mobilizando todo o âmbito da comunidade, como suscitando neles o veio da sustentabilidade. Através do fortalecimento de valores, crenças e habilidades, os talentos naturais ou adquiridos, individual e coletivamente são revelados, e os participantes tornam-se gestores de si e da sua própria cultura, reverberando em qualidade de vida e responsabilidade social.

sábado, 16 de outubro de 2010

Bahia realiza Encontros com as Culturas Populares e Identitárias


Confira a programação completa em www.cultura.ba.gov.br.
Durante sete dias, Salvador receberá grupos culturais, pesquisadores e gestores públicos para celebrar e discutir políticas de promoção da diversidade. O evento acontece em vários pontos do Pelourinho, especialmente em suas ruas e na Praça das Artes, como parte integrante da programação cultural da região.
As manifestações artísticas dos diversos territórios de cultura da Bahia se apresentarão em Salvador durante os Encontros com as Culturas Populares e Identitárias, evento artístico e cultural que acontece de 23 a 29 de outubro, no Pelourinho. As apresentações, cortejos, shows e espetáculos estão concentrados nas ruas do Centro Histórico e na Praça das Artes. O evento promove o encontro das culturas populares de toda a Bahia com o público soteropolitano, além de um intenso intercâmbio entre os mestres e os participantes de cada uma dessas manifestações.
Os Encontros com as Culturas Populares e Identitárias são uma realização da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através do Núcleo de Culturas Populares, com o patrocinio do Ministério da Cultura, além do apoio das Secretarias de Promoção da Igualdade (Sepromi), de Educação (SEC), de Desenvolvimento Social e  Combate á Pobreza (SEDES) e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), através do Instituto Mauá.
“Reunir parte importante da diversidade brasileira e disponibilizar essa apresentação ao público de Salvador possibilita que se tenha contato com nossa amplitude cultural. Essa iniciativa, repetida periodicamente, proporciona enriquecimento cultural a baianos e visitantes e, ao mesmo tempo, esses grupos se reafirmam e se reconhecem como agentes importantes da cultura brasileira”, declara o Ministro de Estado da Cultura, Juca Ferreira.
Para o secretário Márcio Meirelles, a política cultural implementada pelo Governo do Estado através da SecultBA tem como meta o que foi definido pelas convenções sobre o tema, especialmente a convenção sobre a Diversidade das Expressões Culturais da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (2006). “Consolidar a promoção e visibilidade das Culturas Populares é um dever do Estado. A Secretaria tem realizado diversas ações nesse sentido envolvendo a ampla diversidade dessas culturas. Só através do cadastramento identificamos cerca de 37 manifestações com mais 700 grupos participantes, o que vai nos auxiliar na implementação das políticas”, explica o secretário. “Trabalhamos pela manutenção dessas tradições como matéria de exercício de paz entre os povos, como forma de inclusão e desenvolvimento, sem deixar de lado a capacidade de elas tirarem o seu sustento do ofício, além de lutar por uma prática de não submissão, de autonomia e soberania”, defende Meirelles.
Os Encontros com as Culturas Populares atendem a essas e outras demandas. O evento inclui mesas-redondas sobre as políticas públicas voltadas para o setor. As discussões contarão com a participação do secretário Nacional da Identidade e Diversidade Cultural, Américo Córdula; do coordenador do Observatório da Diversidade Cultural e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), José Márcio Barros; da Coordenadora de Fomento à identidade e à Diversidade da SID/MinC, Giselle Dupin, também representante no Comitê Intergovernamental da Convenção Sobre a Proteção e a Promoção das Expressões Culturais.
O projeto se alinha às demandas identificadas pelo Governo da Bahia para sua atuação no setor. Durante a II Conferência Estadual de Cultura, realizada em novembro de 2010, 73% dos participantes elegeram as manifestações populares como foco prioritário para as ações da SecultBA.
De acordo com o diretor do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias da Secult, Hirton Fernandes, “a expectativa é que o projeto produza desdobramentos formais, contribuindo na avaliação e elaboração de políticas públicas de proteção e promoção da diversidade cultural”. Esta intenção é reforçada pela apresentação dos parâmetros iniciais para a construção da minuta da Lei do Patrimônio Vivo do Estado da Bahia, que prevê apoio institucional a mestres das culturas populares e identitárias, ampliando os conceitos relativos ao tema com a inclusão dos mestres da dança, da música, do teatro, dentre outros segmentos.
A diretora executiva da Fábrica Cultural (empresa proponente dos Encontros com as Culturas Populares e Identitárias), Jaqueline Azevedo, ressalta que a intenção é inserir o evento no calendário cultural do estado, com realização bienal. “No intervalo entre as edições, uma série de encontros territoriais poderá reforçar o intercâmbio entre os grupos e gestores públicos, assim como definir os rumos do evento de abrangência estadual”, explica Jaqueline.
Investindo em promover visibilidade e reforçar o reconhecimento dos grupos culturais, a SecultBA aproveita o evento para lançar o primeiro Catálogo Culturas Populares e Identitárias (28/10, 19h, na Casa da Diversidade). A publicação apresenta um perfil de 37 diferentes manifestações que ocorrem na Bahia, listando os contatos de mestres e dirigentes de cerca de 700 grupos e entidades integrantes deste universo cultural.
O evento inclui ainda uma exposição fotográfica no Palácio Rio Branco, que será aberta ao público às 19 horas do dia 27 de outubro. Realizada conjuntamente pelos fotógrafos Álvaro Villela, Márcio Lima e Rita Cliff, com curadoria da artista plástica Lanussi Pasquali, a exposição Gente de Quilombo é uma homenagem aos povos quilombolas. Para realizá-la, os fotógrafos visitaram os quilombos de Barra e Bananal (Rio de Contas), Mangal Barro Vermelho (Sítio do Mato) e Rio das Rãs (Bom Jesus da Lapa), primeiros da Bahia a garantir a titulação da terra, há cerca de 10 anos. As imagens evidenciam a profunda relação dos quilombolas com o território onde seus ancestrais fincaram raízes.
As etnias indígenas também marcam presença no projeto, apresentando toré, ensinado pinturas corporais e participando de debates sobre o uso das plantas em chás curativos e rezas. A extensa programação abre espaço ainda para artesãos, repentistas, capoeiristas e cordelistas mostrarem seus trabalhos e debaterem sobre o reconhecimento destas atividades pelo público e gestores culturais.
A programação dos Encontros com as Culturas Populares e Identitárias contempla eventos artísticos, as mesas de discussão e a formação dos participantes com a realização de oficinas para adultos e crianças. Os destaques são as atividades musicais, comandadas pelo multi-instrumentistas Ives Sahar, com a oficina “Ritmos da África” e Dudu Rose, com a “Palavra do Tambor”.

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INICIANDO OS TRABALHOS - HELVÉCIA

A Arte é uma necessidade,um apoio,um amparo. Precisamos de arte não somente como espetáculo, mas como ritual de embelezamento da vida, como estimulo social e cultural. O objetivo específico da tarefa da arte é o desenvolvimento humano e cultural e a cultura vai ser o resultado da expressão artística de uma comunidade. Uma das capacidades que diferenciam o ser humano dos outros animais é a capacidade de produção de cultura, e cultura é um conjunto de valores dos indivíduos de uma determinada sociedade que produzem arte como atividade e manifestação social. A arte não é só deleite, é o registro da nossa complexidade.

Em setembro de 2008, fui para Helvécia, distrito de Nova Viçosa, uma comunidade quilombola do sul da Bahia, levado por Paulo Coutinho, gerente de sustentabilidade da Aracruz Celulose. Fomos lá para fazer um primeiro contato com a comunidade com o intuito de avaliarmos a possibilidade de realizar ali um trabalho de desenvolvimento artístico e cultural envolvendo a população local.

Ao chegar lá, me deparei com a festa de Nossa Senhora da Piedade...

Depois da missa solene na igreja local, vieram os capoeiristas jogando a valer e o show de lambada na praça central repleta de barraquinhas festivas. No pouco tempo que lá fiquei, pude sentir o potencial artístico daquele povo escondido entre as plantações de eucalipto.

Entre comidas e bebidas, ficamos lembrando da história daquele povo. No período de escravidão no Brasil, os negros que conseguiam escapar das fazendas se refugiavam com outros em igual situação em locais bem escondidos no meio das matas. Nestes locais formavam suas comunidades que eram conhecidas como quilombos. Lá, eles viviam de acordo com sua cultura de origem africana, plantando e produzindo em conjunto. Os quilombos representaram uma das formas de resistência e combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo para a formação da cultura afro-brasileira.

Seis meses depois, em 17 de março, retornei a Helvécia.

Dona Tidinha, Dona Faustina, Sr Dudu, Roseli, Dona Elzira, Sr Valmir e outras tantas personalidades daquele vilarejo, me encantaram com seus sorrisos, franqueza e consciência do que são e representam enquanto gestores de cultura local. Os jovens, sedentos de aprender o que ainda não sabem para melhor expressar seus talentos, me acolheram com expectativa e curiosidade.

Compreendi que Helvécia seria para mim, não apenas mais um trabalho profissional, porem a extensão de um ideal humanitário e espiritual que vem sendo a fonte inspiradora da minha arte e consequentemente da minha vida.

São Francisco de Assis me escolheu para contar sua história para todo o Brasil e fazer dela uma obra social que não se limitou ao palco, se estendendendo as populações carentes.



Santo Antônio, enciumado, fez o mesmo!


São Benedito, o negrinho franciscano, nos escolheu a todos nós envolvidos nesse projeto, para contarmos a sua história em Helvécia.

E que a arte seja a voz do entendimento, da comunhão e da felicidade daquele povo.

Paz e bem!

Ciro Barcelos



Aracruz realiza projeto cultural em Helvécia

Por Rogéria Gomes
Em parceria com a comunidade local, a Aracruz está desenvolvendo em Helvécia, no sul da Bahia, um projeto que pretende estimular o desenvolvimento social e a cidadania por meio da cultura e da arte.
Oficinas de teatro, dança, música e atividades afins vão preparar a população para participar de espetáculos de teatro. O primeiro trabalho será o Auto de São Benedito, que será encenado em maio.
Helvécia, que fica em Nova Viçosa, sul da Bahia, vai ter a oportunidade de expressar sua cultura e sua arte por meio de um projeto que a Aracruz está desenvolvendo na região em parceria com a comunidade. A partir da realização de oficias de teatro, dança, música, criação e confecção de figurinos com participação de costureiras, artesãs e bordadeiras locais, a
comunidade poderá se preparar para participar do projeto cultural e artístico.

Para conduzir o trabalho, a Aracruz convidou o diretor, ator e coreógrafo Ciro Barcelos, cujo trabalho é reconhecido inclusive fora do Brasil. Ele já esteve em Helvécia participando de reuniões com a comunidade para conhecer
a realidade da região e fez pesquisas na área musical e folclórica. "A idéia inicial é criar um ambiente educacional centrado nas artes cênicas e que possa formar profissionais em várias áreas afins, tais como coreografia, cenografia, iluminação e sonorização, entre outras", explicou o gerente de Sustentabilidade da Aracruz, Paulo Coutinho.

Segundo ele, os recursos que a Aracruz destinará ao projeto serão reembolsados pelo BNDES, pois fazem parte de um conjunto de projetos sociais apoiados pela instituição como parte de uma operação de empréstimo à empresa.

As oficinas de capacitação serão iniciadas em abril e o primeiro trabalho artístico e cultural desenvolvido será o projeto Auto de São Benedito, a ser apresentado em maio, na Iigreja Católica de Helvécia, envolvendo a população local. Posteriormente, a meta é levar o espetáculo também a
outras comunidades da região.

A história será baseada em um livro de poemas de Cordel que narra a importância e os milagres do santo negro. Paulo Coutinho destacou que o projeto pretende envolver principalmente os jovens da comunidade, contribuindo para capacitá-los a desenvolver outras atividades por conta
própria. "O projeto também vai contribuir para elevar a auto-estima das pessoas e motivá-las para a cidadania", observou ele.

Ciro Barcelos esteve em Helvécia na festa de Nossa Senhora da Piedade e ficou impressionado com o que viu. “A veia artística dos moradores é enorme, o grupo de capoeira é maravilhoso, o toque dos atabaques e o próprio canto na missa têm grande potencial e isso me atraiu. A arte é transformadora”, resumiu ele. Na semana passada, Ciro Barcelos também esteve na Aracruz, em Barra do Riacho, em reunião com a equipe da Sustent para acertar detalhes do projeto.

CIRO BARCELOS – Diretor, ator e coreógrafo renomado, Ciro já fez sucesso na França, Espanha e Itália, passou pela TV Globo e ganhou diversos prêmios.
Hoje é conhecido por sua multiplicidade artística e rigor técnico. Inspira-se em suas experiências de vida e de busca espiritual criando e produzindo espetáculos como: “Jesus, o mistério do amor”, “Circumano” e, seu maior sucesso, “Francisco de Assis”, espetáculo que permaneceu dez anos
em cartaz, com apresentações no Brasil e Itália, e bateu o recorde nacional de 1 milhão de espectadores tornando-se um fenômeno de bilheteria.

HELVÉCIA – A comunidade de Helvécia fica no extremo sul da Bahia, no município de Nova Viçosa, e tem aproximadamente 4 mil moradores. Cerca de 80% da população é negra e carrega uma rica herança cultural. Durante o ano, são realizados dois eventos importantes: a festa de São Sebastião (visitada por mais de 10 mil pessoas) e a celebração de Nossa Senhora da
Piedade. Parte da população vive da lavoura, outros trabalham na prefeitura ou em empresas que prestam serviços para a Aracruz Celulose e outras companhias da região.

A Aracruz já desenvolve algumas atividades a fim de contribuir para a melhoria da qualidade de vida na região. Um exemplo é a biblioteca local, que funciona em instalações preparadas pela empresa e cujo acervo também foi doado pela companhia. Há ainda o curso de informática, que foi viabilizado a partir de equipamentos doados pela Aracruz.

QUEBRA AI

Num domingo ensolarado de Helvécia, enquanto fazia meu cooper diário no campo de futebol, escutei ao longe uma sonoridade que me chamou atenção. Desviando-me do campo, continuei correndo pelas ruas de terra da pequena cidade em busca daquele som rítmico que mexia comigo, até que me deparei com uma das velhas casas que guardam ainda hoje a cultura arquitetônica da época dos escravos, situada próxima a pequena estação de trem por onde um dia passou D. Pedro II. Nos fundos da bela casa, alguns garotos reunidos em torno de uma bateria, tambores e um cavaquinho, levavam um som no estilo swinguera que me fez parar o cooper para ouvi-los. A banda “ Quebra aí” surgiu do encontro entre três meninos que ainda crianças se juntavam para tocar em instrumentos improvisados em latas de óleo, tambores de plástico, panelas e outras quinquilharias que encontravam pelo caminho. Reunidos no quintal de suas casas para treinar, chamaram a atenção de Valdeir, que já tendo trabalhado com outras bandas, e sabendo confeccionar instrumentos com material reciclado, resolveu ajudar os meninos. Assim surgiu a primeira bateria de Bruno, toda feita com tambores de óleo, tubos de PVC e ferro e placas de sinalização. Com os novos instrumentos, foram chamados para se apresentar na escola, logo conseguiram fazer a abertura de uma banda profissional na maior festa da cidade, quando tocaram pela primeira vez com instrumentos verdadeiros emprestados pela banda. A cidade aplaudiu os seus garotos, os pais se convenceram que seus filhos tinham chance e com grande sacrifício compraram novos instrumentos para eles. Eu,empolgado com o som que escutei, convoquei-os para integrar o Auto de São Benedito assumindo a trilha sonora do espetáculo, e confiei ao Bruno ( 19 anos) a direção musical. Hoje fizemos o primeiro ensaio reunindo a banda, atores, dançarinos e coral, e grande foi a minha alegria em dirigir esse encontro de tantos talentos. Os garotos são bons mesmo!

Bem Vinda Patrice Rivéra

Viajou comigo para Helvécia a artista plástica e figurinista Patrice Rivéra, com quem trabalho na construção dos figurinos de meus espetáculos. Patrice assume a realização dos figurinos e adereços do Auto de São Benedito, os quais serão confeccionados com a ajuda de moças e costureiras da comunidade que por sua vez estarão cursando oficinas de elaboração de figurinos teatrais ministradas por Patrice. Bem vinda Patrice! Patrice Rivéra é estilista ,figurinista e artista plástica, trabalhou para varias novelas da TV Globo, cinema, teatro e desfiles de moda.