Durante
sete dias, Salvador receberá grupos culturais, pesquisadores e gestores
públicos para celebrar e discutir políticas de promoção da diversidade. O
evento acontece em vários pontos do Pelourinho, especialmente em suas ruas e na
Praça das Artes, como parte integrante da programação cultural da região.
As
manifestações artísticas dos diversos territórios de cultura da Bahia se
apresentarão em Salvador durante os Encontros com as Culturas Populares e
Identitárias, evento artístico e
cultural que acontece de 23 a 29 de outubro, no Pelourinho. As
apresentações, cortejos, shows e espetáculos estão concentrados nas ruas do
Centro Histórico e na Praça das Artes. O evento promove o encontro das culturas
populares de toda a Bahia com o público soteropolitano, além de um intenso
intercâmbio entre os mestres e os participantes de cada uma dessas
manifestações.
Os Encontros
com as Culturas Populares e Identitárias são uma realização da Secretaria
de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através do Núcleo de Culturas
Populares, com o patrocinio do Ministério da Cultura, além do apoio das
Secretarias de Promoção da Igualdade (Sepromi), de Educação (SEC), de
Desenvolvimento Social e Combate á Pobreza (SEDES) e da Secretaria do
Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), através do Instituto Mauá.
“Reunir
parte importante da diversidade brasileira e disponibilizar essa apresentação
ao público de Salvador possibilita que se tenha contato com nossa amplitude
cultural. Essa iniciativa, repetida periodicamente, proporciona enriquecimento
cultural a baianos e visitantes e, ao mesmo tempo, esses grupos se reafirmam e
se reconhecem como agentes importantes da cultura brasileira”, declara o
Ministro de Estado da Cultura, Juca Ferreira.
Para o
secretário Márcio Meirelles, a política cultural implementada pelo Governo do
Estado através da SecultBA tem como meta o que foi definido pelas convenções
sobre o tema, especialmente a convenção sobre a Diversidade das Expressões
Culturais da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (2006). “Consolidar a promoção e visibilidade das Culturas
Populares é um dever do Estado. A Secretaria tem realizado diversas ações nesse
sentido envolvendo a ampla diversidade dessas culturas. Só através do
cadastramento identificamos cerca de 37 manifestações com mais 700 grupos
participantes, o que vai nos auxiliar na implementação das políticas”, explica
o secretário. “Trabalhamos pela manutenção dessas tradições como matéria de
exercício de paz entre os povos, como forma de inclusão e desenvolvimento, sem
deixar de lado a capacidade de elas tirarem o seu sustento do ofício, além de
lutar por uma prática de não submissão, de autonomia e soberania”, defende
Meirelles.
Os Encontros
com as Culturas Populares atendem a essas e outras demandas. O evento
inclui mesas-redondas sobre as políticas públicas voltadas para o setor. As
discussões contarão com a participação do secretário Nacional da Identidade e
Diversidade Cultural, Américo Córdula; do coordenador do Observatório da
Diversidade Cultural e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais (PUC-MG), José Márcio Barros; da Coordenadora de Fomento à identidade e
à Diversidade da SID/MinC, Giselle Dupin, também representante no Comitê
Intergovernamental da Convenção Sobre a Proteção e a Promoção das Expressões
Culturais.
O projeto
se alinha às demandas identificadas pelo Governo da Bahia para sua atuação no
setor. Durante a II Conferência Estadual de Cultura, realizada em novembro de
2010, 73% dos participantes elegeram as manifestações populares como foco
prioritário para as ações da SecultBA.
De acordo
com o diretor do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias da Secult,
Hirton Fernandes, “a expectativa é que o projeto produza desdobramentos
formais, contribuindo na avaliação e elaboração de políticas públicas de
proteção e promoção da diversidade cultural”. Esta intenção é reforçada
pela apresentação dos parâmetros iniciais para a construção da minuta da Lei do
Patrimônio Vivo do Estado da Bahia, que prevê apoio institucional a mestres das
culturas populares e identitárias, ampliando os conceitos relativos ao tema com
a inclusão dos mestres da dança, da música, do teatro, dentre outros segmentos.
A
diretora executiva da Fábrica Cultural (empresa proponente dos Encontros com
as Culturas Populares e Identitárias), Jaqueline Azevedo, ressalta que a
intenção é inserir o evento no calendário cultural do estado, com realização
bienal. “No intervalo entre as edições, uma série de encontros territoriais
poderá reforçar o intercâmbio entre os grupos e gestores públicos, assim como
definir os rumos do evento de abrangência estadual”, explica Jaqueline.
Investindo
em promover visibilidade e reforçar o reconhecimento dos grupos culturais, a
SecultBA aproveita o evento para lançar o primeiro Catálogo Culturas
Populares e Identitárias (28/10, 19h, na Casa da Diversidade). A publicação
apresenta um perfil de 37 diferentes manifestações que ocorrem na Bahia,
listando os contatos de mestres e dirigentes de cerca de 700 grupos e entidades
integrantes deste universo cultural.
O evento
inclui ainda uma exposição fotográfica no Palácio Rio Branco, que será aberta
ao público às 19 horas do dia 27 de outubro. Realizada conjuntamente pelos
fotógrafos Álvaro Villela, Márcio Lima e Rita Cliff, com curadoria da artista
plástica Lanussi Pasquali, a exposição Gente de Quilombo é uma homenagem
aos povos quilombolas. Para realizá-la, os fotógrafos visitaram os quilombos de
Barra e Bananal (Rio de Contas), Mangal Barro Vermelho (Sítio do Mato) e Rio
das Rãs (Bom Jesus da Lapa), primeiros da Bahia a garantir a titulação da
terra, há cerca de 10 anos. As imagens evidenciam a profunda relação dos
quilombolas com o território onde seus ancestrais fincaram raízes.
As etnias
indígenas também marcam presença no projeto, apresentando toré, ensinado
pinturas corporais e participando de debates sobre o uso das plantas em chás
curativos e rezas. A extensa programação abre espaço ainda para artesãos,
repentistas, capoeiristas e cordelistas mostrarem seus trabalhos e debaterem sobre
o reconhecimento destas atividades pelo público e gestores culturais.
A
programação dos Encontros com as Culturas Populares e Identitárias
contempla eventos artísticos, as mesas de discussão e a formação dos
participantes com a realização de oficinas para adultos e crianças. Os
destaques são as atividades musicais, comandadas pelo multi-instrumentistas
Ives Sahar, com a oficina “Ritmos da África” e Dudu Rose, com a “Palavra do
Tambor”.